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11 de janeiro de 2011

para viver um grande amor

Hoje levei cafe da manha para F.W. na cama: pao de queijo com peito de peru e requeijao, ele enrolou, enrolou, fez manha e enfim acordou e comeu. Saiu atrasado pro trabalho ("sans me parler, sans me regarder...", como escreveu Jacques) e eu voltei a dormir. Acordei com um telefonema da parte de minha mae que, por intermedio de um terceiro, me mandava nao sair de casa hoje porque a cidade estava um caos, chovera a madrugada toda, estava tudo alagado por todo canto. Depois me ligou F.W. (!) e perguntou:

-Baby, qual grau voce usa no seu olho mesmo?
-Hum? 6.5, por que?
-6.5 - ele repetiu para alguem - nada, a gente ta competindo quem usa o maior grau aqui no trabalho, lembrei de voce...mas o que e que voce tem mesmo?
-Hipermetropia.
-Voce nao tem tambem outra coisa? Um astigmatismo, sei la?
-Nao, baby, desculpe decepciona-lo, so tenho hipermetropia mesmo.
-Ah... valeu entao, gata.
-So isso?
-Por enquanto sim. Um beijo.
-Outro.

26 de abril de 2010

a pergunta

A pergunta estava no ar, acabara de saltar das caixas de som e eu podia senti-la ali, entre nós, em meio ao ar condicionado. Eu olhava para fora, com um sorrisinho (ah! a pergunta me roçava atrás da orelha de mansinho e arrepiava!), para o movimento da cidade naquela tarde tão gostosa, sabendo-me em breve longe dali, numa estrada diretamente para o meio do nada, não, o meio do nada não, um confortável recinto no meio do nada. Olhei-o o mais disfarçadamente que pude. De óculos escuros e as mãos no volante, ele sorria de leve, como eu. A pergunta nos aproximava e também nos afastava, pois ao mesmo tempo em que havia aquela cumplicidade da idéia perversa compartilhada, havia a culpa judaica pela idéia perversa existir simplesmente ali, brincando conosco. Voltei a música e ele virou a cabeça para mim, brevemente parando de sorrir, para então dar uma risadinha doce e brincar com o meu queixo. Inspirei a pergunta a fundo e prendi o ar, sem que ele percebesse. Quando não pude mais contê-la dentro de mim, expirei-a, e fiquei me divertindo um tempo repetindo a operação. Cheguei até a esquecer-me da pergunta, até o momento em que ele, provavelmente olhando-me com o canto do olho às vezes e notando meu comportamento estranho, cantarolou a pergunta e me fez corar repentinamente ao ouvir aquilo pronunciado tão perto.

4 de abril de 2010

édipo alheio

Senhores, é absolutamente inacreditável o que ouvi ontem de um rapaz um tanto interessante. Não digo que seja inacreditável pela bagagem cultural ou intelectual da frase, apesar de muitas coisas ditas por ele, assim, de repente, já terem me surpreendido por tais motivos. Fiquei tão impressionada que nem soube o que dizer, sequer consegui rir, que acho que era o que eu devia ter feito (um risinho sutil e doce seria o ideal, como quem ri enquanto pensa algo agradável). Fiquei sem reação, acho que nem pisquei.

Do lado de fora de um café, embaixo do toldo, olhando a rua, enquanto fumava um cigarro, ele me disse:

-Meu psicanalista disse que você é uma perfeita resolução do meu Édipo.

O que pensar disso, senhores? Está certo, deveria ter ficado lisongeada ou rido. Mas não consegui fazer nada. Foi como se eu de repente tivesse me dado conta de onde é que eu vim parar, no meio de que gente estou eu e qual o sentido das minhas atuais relações (resolver o édipo de um, rebaixar o superego de outro?). Ele não se surpreendeu com a minha falta de reação e disse que eu ficava muito lindinha enquanto ponderava o assunto.

20 de fevereiro de 2010

eu, chapéu

Eu queria fazer alguma coisa como sentar num banco e ficar, ou deitar na cama e ficar, ou entrar num café e ficar. Ele, nao. Tinha a impressao de que eu estava em segundo plano ali, algo como um chapéu que se leva por aí consigo, mas com quem nao se quer ficar a sós, a nao ser que deseje um momento solitário para pensar em onde ir jantar mais tarde, ou para sentar e obervar um par de pernas paradas em frente a fonte, ou mesmo para tirar um cochilo apoiado em algum lugar. Mas vá lá... eu era um chapéu de estima, minha presença era requisitada e ele nao chegava mesmo a me esquecer num banco ou num restaurante. Puxava-me pela mao e ia olhando as vitrines, as pernas, os gatos de rua. Mas em nenhum momento ocoria-lhe que podia ser interessante um momento entre ele e seu chapéu, nada mais. E assim, tomávamos sorvete, íamos as livrairas e cinemas, e ele sempre como se estivesse consigo mesmo ou só com o restante do mundo. Experimentei certa vez fazer um drama quando ele cansou-se de encarar o próprio chapéu muito tempo a sua frente num almoço de sábado e já percebia-se que ia pegá-lo e partir. Disse isso mesmo, que era como se eu fosse um chapéu, que ele nunca me olhava nos olhos ou prestava atençao em mim, que nunca perguntava o que eu queria fazer, apenas me colocava na cabeça e ia andando por aí. E ele riu! Satisfeita por conseguir provocar alguma reaçao, acabei esquecendo que estava brava, e ele disse que eu era uma gracinha de chapéu de abas curtas, pegou-me pela mao e fomos andando.

13 de fevereiro de 2010

tédio

Os dias tem passado bastante rápido às vésperas da viagem. Tenho tentado organizar minha vida em torno de uma nova rotina, despedi-me da terapia e do pilates, olhei apartamentos com corretores antipáticos, fiz prova de nível para o inglês, comprei uns tickets-bandejão e li uns romances. Às vezes durmo cedo, acordo de madrugada e faço um lanche, uma sopinha de pacote, um clube social, uma maçã, leio mais um pouco, durmo, acordo tarde, todo mundo já saiu. Chegaram ontem 5 enormes caixas com livros de psicologia mandados pela minha tia, empilhei-os na sala, coloquei uma das máscaras que me sobraram após a epidemia de gripe suína do ano passado e passei a noite a revirar aquelas pilhas, na companhia da gata, que dormia sobre um grande livro de desenvolvimento da personalidade, coberto de pó. Passo às vezes tardes inteiras na biblioteca, com ou sem L.D. Sempre chove e nós ficamos no terraço coberto do café, "olhando o mundo cair", como costumamos dizer. Ensinei-a a brincar de "adivinhe o que eu estou pensando", e ela aprendeu rapidamente, pois adivinhou com facilidade as duas vezes que brincamos (eu estava pensando em Madame Bovary, e depois nela mesma). Da última vez, estava sem sistema e não podíamos pegar livros, então fomos comer uns sanduíches lá perto e depois voltamos, enrolamos um pouco e enfim, voltou o sistema. Que sorte! Pegamos uns livros e saímos, sorridentes. Ela sempre pega uns modernos que eu não conheço e eu a advirto, dizendo que eles não são "da galera" (galera = século XIX, comecinho do século XX, raramente). Então voltamos ao café e ficamos cada qual admirando os livros que pegou e vendo o mundo cair. Temos conversas mais ou menos assim:

-Achei que o mundo fosse cair mais.
-Ele ainda não acabou de cair.
-É, melhor a gente esperar ele cair de vez antes de ir pro metrô.

Ou,

-Adivinha o que eu estou pensando.
-É comida?
-Hum... Sim.
-Hum. É uma pessoa?
-Sim! Toda pessoa é uma comida, ao meu ver.
-É sim... Hum... Está presente?
-Sim!
-É uma de nós??
-Sim!!
-É você??
-Não!
-Sou eu???
-Sim!!

Explodimos numa gargalhada infantil e voltamos a ver o mundo cair e a tomar café.

8 de janeiro de 2010

joão-bobo

Sentei no hall de entrada do prédio, aguardando a abertura da comedoria, a chegada de L.D., o sorvete de iogurte, o vestibular de domingo, o resultado do vestibular, a viagem ao Peru, a formatura e etc. Sob forte estado de sonolência, sentei-me e fiquei a espera de todas essas coisas que citei, a espera de que qualquer força externa agisse sobre mim e interrompesse minha inércia. Mas parecia às vezes que nada era capaz de me tirar realmente da minha contância, embora forças externas agissem por todos os lados. Eu devia ser algo como um joão-bobo, que se inclina pra todos os lados mas se mantem no mesmo lugar... Seria eu um joão-bobo? Serei eu um mamífero silvestre? E eu me inclinava mesmo: estava esperando L.D. (aliás, L.D. faz parte da minha constância, como se fosse um pedaço meu) para resolvermos assuntos de primeira ordem. Bem sabia eu que faríamos planos, objeções, elaboraríamos utopias, criaríamos expectativas... mas logo voltaríamos para nossas respectivas casas, jantaríamos e iríamos dormir pensando no prato do jantar. Não, minto. L.D. sim, já eu provavelmente, antes de dormir, pensaria que seria preciso esperar a ação de mais e mais fortes forças externas para dar cabo às minhas idéias e acabaria por também pensar no que comera no jantar, mas não tão diretamente e sim com algum algum sentimento de frustração conformada.

29 de dezembro de 2009

vida, minha vida

Era cedo, L.S. estava sentada na cama desarrumada e eu procurava um shorts entre as pilhas de coisas espalhadas pelo quarto. Estava resfriada, meu nariz escorria, tinha tontura de abaixar para procurar, estávamos atrasadas e eu não achava o shorts.

-Viver às vezes é tão difícil! - desabafei, olhando para L.S. com olhar suplicante.

Em contrapartida, certa noite, após uma sessão de cinema na qual assistíramos um filme incrível, L.D. e eu resolvemos nos sujeitar a pagar absurdos por um rodízio de sushi. Chegaram à nossa mesa um monte de potinhos com coisas diferentes, muito sashimi, shitake, missushiro, temakis, cerveja. Comi um sushi e olhei para L.D., que no momento esforçava-se para comer um temaki sem perder a classe, enquanto ele se desmanchava por inteiro.

-Viver neste momento me parece tão fácil, não?

Acabei de acordar, eu já teria almoçado há muito tempo se ainda estivesse em aula. Fui dormir tarde porque fiquei assistindo Juventude, do Bergman, depois fiquei sentada no tapete da sala, no escuro, ouvindo a chuva cair lá fora, pensando no que acabara de ver. Intimamente, estava me despedindo. Ocorreram-me dúvidas, meu futuro breve me pareceu imprevisível, me vi então diante dos obstáculos que tentavam interromper essa minha inécia para com todas as coisas. E interrompem brevemente, já que me esforço para me desviar deles antes de me deixar tocar. Mas agora, lá adiante, me aparece um muro onde trombar é inevitável e eu vou deitando no tapete, tentando não dormir, passando horas a contemplar o nada, tentando retardar esse encontro, mas são vãs tentativas. O fim dessa inércia é inevitável. E é isso: viver no momento me parece inevitável.

15 de dezembro de 2009

separação

-Vocês evoluíram juntas, se veem uma na outra, perderam a noção e onde começa e termina cada uma, são como que a mesma pessoa.

Olhamo-nos em silêncio. Era uma boa descrição.

-Ano que vem será uma experiência interessante, cada uma vai estudar um curso diferente, terão aulas diferentes, turmas diferentes... estou curioso.

Desesperamo-nos simultaneamente.

-Ai, que horrível!
-Horrível, horrível!!!
-Vamos entrar num acordo, escolher um curso que seja um meio termo!
-Hum... Algo entre psicologia e letras...
-Podemos escrever auto-ajuda!
-Que tal pedagogia?

O rapaz parecia se divertir às custas do nosso desespero.

-Talvez se a separação for mais redical, seja mais fácil.
-Ham?
-Eu vou pra Assis!
-Não!
-Não!
-E agora? Deus!

E todos aguardam, curiosos, o desenrolar da história e a diferenciação de uma pessoa em duas, o que terá de ocorrer invarivavelmente.

28 de novembro de 2009

eu, personagem

Quando pessoas angustiadas demais estão reunidas em dada situação, elas não se contentam em simplesmente viver a tal situação, mas imaginam quantas situações diferentes poderiam estar vivendo naquele momento se estivessem na mira de diferentes artistas.

Foi o que aconteceu na tarde de hoje, em que saí com o casal L.D. e L.P. para uma sessão de cinema no centro velho cujos ingressos estavam esgotados.

Resultado: cerveja.

A cena: Eu, com uma rosa atrás da orelha. L.P. com seu chapéu e um olhar perdido. L.M. com nada que a caractetizasse, se não o fato de ser a namorada do cara do chapéu e se parecer com a moça da rosa em todos os aspéctos. Um bar decadente no centro velho de São Paulo.

Se fosse num livro de Kafka, L.P. teria acabado de chegar na gigantesca e cinza cidade de K. para resolver um processo de herança. Perdido, sem sua mala, que fora levada por engano por um sujeito de sobretudo verde, L.P. estaria à procura do prédio onde mora o tio, quando, no caminho, encontra duas garotas parecidas, sendo que a diferença entre elas consiste no fato de uma ter uma flor atrás da orelha. L.P. é arrastado pelas moças, que às vezes riem, às vezes choram e falam compulsivamente ao mesmo tempo, para uma mesa num bar, enquanto o tempo, que já estava cinzento, parece se fechar e ameaça cair um temporal. Tudo o que L.P. desejava no momento era estar no apartamento do tio, que na verdade ele não conhecia, resolver rapidamente o processo e retornar para sua casa, na amigável província de Q.

Se estivéssemos em um livro de Dostoievsk, L.P. (não adianta, ele estava de chapéu, impossível não colocá-lo como personagem principal!) teria acabado de matar o pai e as duas moças estariam filosofando sobre o mal-estar na civilização, onde o homem deve reprimir seus instintos assassinos pela manutenção da sociedade. Notando o olhar distante de L.P., a moça parecida com a moça da rosa perguntaria, zombeteira, se por acaso ele não estaria se sentindo mal com aquele assunto porque acabara de cometer um crime. L.P. daria um sorriso amarelo e pediria outra cerveja (ou vodka).

Agora, se fosse um filme de Woody Allen, o cara do chapéu e a moça da rosa estariam planejando matar L.D., namorada chata do cara de chapéu. Os dois mantem certa tranquilidade, enquanto ela reclama dos sapatos apertados e toma um café com adoçante.

Se o filme fosse de Bertolucci, as moças seriam irmãs com atitudes suspeitas, onde fica uma dúvida: elas se pegam ou não? Ambas estariam tentando seduzir o cara de chapéu, que elas conheceram no cinema. Ele se sente completamente confuso e no final, as duas o levariam para um apartamento, onde ele faria sexo com uma delas enquanto a outra fritaria um ovo.

-Chega de cerveja, estou falindo! - disse eu. E estava imposta a realidade novamente.

17 de novembro de 2009

por que me descobriste no abandono?

Tocava jazz nas caixas de som. A banda não começara a tocar, estava cedo e apenas nós estávamos naquele lugar abafado e mal-iluminado. Eu numa poltrona, meio torta, devorando um sanduíche, ele na outra, sentado, me observando, tomando uma cerveja. Entre nós, uma mesinha e muito mais.

Ele pegou minha bolsa, encontrou um pequeno caderno, abriu. Eu acabara o sanduíche e olhava para o quadro cubista da parede, ouvindo a música.

-Sua letra não parece de menina.

Normal. Ela é feia, meio corrida, de forma.

-Nunca vi sua letra - comentei - É Mingus isso que está tocando?

-Sim - e disse o nome da música, que hoje não me lembro.

Fazia calor e eu fechei os olhos, ouvindo a música, que parecia se contorcer toda pra sair da caixa de som, chegava até os meus ouvidos toda retorcida e aquilo era perturbador, mas bonito.

Quando abri os olhos, ele tinha minha lapiseira na mão e estava prestes a rabiscar algo no caderno.

-Minha letra é parecida com a sua, olha só.

Escreveu algo e passou o caderno para mim.

"Por que me descobriste no abandono?" foi o que li.

-Realmente, é como se eu mesma tivesse escrito.

Fechei o caderno.

8 de novembro de 2009

unesp

Depois do surto do último post, eu retomei minha tranquilidade, desci, almocei, tomei um cafezinho, separei coisas pra levar, chamei G.M. e fomos rumo à prova da UNESP, ambos tranquilos, com seus respectivos chocolates e suas respectivas ilusões. Como previa, encontrei vários conhecidos da minha época de ensino fundamental, quase todos prestando alguma engenharia. Esperei diante da sala onde vi que constava na lista pregada em frente à porta, o nome de uma pessoa que eu queria muito rever.

Esperei, até faltarem 10 minutos para as salas fecharem, quando enfim, entrei na minha sala, que era ao lado. Pouco depois vi a pessoa passando no corredor. Levantei-me, sob os olhares nervosos dos demais vestibulandos, e consegui pegá-lo ainda na frente da lista de sua sala. Abraçamo-nos fortemente, ele havia crescido mais um tanto, a voz tinha engrossado, pelo que pude ouvir nas poucas frases que trocamos, "que surpresa boa!" foi a mais agradável delas.

Mal nos desvencilhamos de um abraço e ouvimos uma senhora fiscal de cabelo chanel nos mandando entrar nas salas. Um breve olhar e viramos de costas um pro outro, rumo à prova, que eu havia abstraído por alguns minutos. Na sala, notei uma menina que fora minha vizinha em outros tempos, ela sorriu metalicamente pra mim. Ah, havia um desenho de Jesus exatamente na minha frente, ao lado do relógio, com seu olhar azul intimidador e uma boca aberta, "eu sou o caminho, a verdade é a vida". Passaram alguns minutos e eu olhei de novo e vi que na verdade estava escrito "eu sou o caminho, a verdade e a vida".

Recebi a prova. Havia uns textos interessantes na parte de Português, história estava tranquilo, geografia, absurdo como sempre, química e física bem difícil, biologia razoável... matemática chutei absolutamente todas. Sai faltando apenas meia hora, nunca ficara tanto tempo pra fazer uma prova, sai com a certeza de que não estava nada preparada pros vestibulares desse ano. G.M. e eu voltamos, ambos seus respectivos gabaritos e suas respectivas espectativas.

Disse pros meus pais que não esperassem muita coisa (eles já não esperavam mesmo), comi um pedaço de pão e fui olhar o gabarito. DEUS!!!! 67 pontos de 90!!!!! Os olhinhos azuis do papai brilharam, primeiramente desacreditados, depois um bocado orgulhosos.

O primeiro dos meus vestibulares até que não foi ruim.

Como terão ido meus saudosos conhecidos, amigos de outros tempos, como a pessoa do corredor, ou a ex-vizinha do sorriso metálico? Pergunto-me onde e quando encontrarei novamente essas pessoas, que já foram tão presentes, o rapaz em quem eu dei meu primeiro beijo, embaixo da escada do corredor da educação infantil; e a menina a quem eu contava histórias de terror debaixo de um lençol que servia de cabana, comendo pipoca vermelha. E agora, fazemos vestibular. Envelhecer é uma merda.