4 de abril de 2010

édipo alheio

Senhores, é absolutamente inacreditável o que ouvi ontem de um rapaz um tanto interessante. Não digo que seja inacreditável pela bagagem cultural ou intelectual da frase, apesar de muitas coisas ditas por ele, assim, de repente, já terem me surpreendido por tais motivos. Fiquei tão impressionada que nem soube o que dizer, sequer consegui rir, que acho que era o que eu devia ter feito (um risinho sutil e doce seria o ideal, como quem ri enquanto pensa algo agradável). Fiquei sem reação, acho que nem pisquei.

Do lado de fora de um café, embaixo do toldo, olhando a rua, enquanto fumava um cigarro, ele me disse:

-Meu psicanalista disse que você é uma perfeita resolução do meu Édipo.

O que pensar disso, senhores? Está certo, deveria ter ficado lisongeada ou rido. Mas não consegui fazer nada. Foi como se eu de repente tivesse me dado conta de onde é que eu vim parar, no meio de que gente estou eu e qual o sentido das minhas atuais relações (resolver o édipo de um, rebaixar o superego de outro?). Ele não se surpreendeu com a minha falta de reação e disse que eu ficava muito lindinha enquanto ponderava o assunto.

Um comentário:

  1. gosto de ler suas crônicas , faz tempo que não publica novas né. :)

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