3 de março de 2013

sufocações

Fui acordada do infinitamente longínquo sono da tarde por um ataque de sufocação. Achava que já havia passado dessa fase. Mas foi exatamente como eram todos os outros, de tempos anteriores: em meio ao tranquilo e imemorável sono, fui sugada de volta ao corpo estendido no sofá por uma aridez na garganta, um ofegante suspiro, uma tosse rouca e mais tosse, quando dei por mim, já estava em pé, num pulo, assim como já era noite. Olhei em volta. Aterrissara exatamente onde devia, que sorte. Numa volta subta dessas é que a gente perde o destino para sempre.

Fui pegar água e logo voltei a tremer, pois as sufocações não são mais que uma tentativa de fechar a garganta, e eu vislumbrava, num instante, Aquilo Tudo, que não tem exatamente forma, mas é um sopro, um sopro abafado, então me senti fraquejar. De novo. Impôs-se novamente, na cama, aquela calma silenciosa atestada tantas vezes pela minha expressão (mas repare bem, os cantos dos lábios prenunciam a tormenta, o fogo cruzado, o lado nada delicioso da noite de ressaca na praia) e minha cabeça não conseguia me pedir nada além de repouso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário