9 de setembro de 2011

notas de viajante

E fui indo, indo, indo... até que cheguei em um ponto em que senti a monotonia daquele movimento de me afastar. Virei pra trás, olhei-o nos olhos e perguntei: pra quê? Continua, ele respondeu. E fui, fui... cruzei um bom pedaço do mundo com pouca coisa em mãos, com algumas memórias retalhadas e sem motivo nenhum. Mas ia... e ir era tão só, era verbo intransitivo. Já chegando ao ponto de onde partira, reconhecendo a paisagem árida que cercava o local onde passara toda a vida, olhei-o novamente, mas dessa vez meus olhos estavam cheios de lágrimas amargas, enquanto ele sorria com candura, parecia um anjo. Perguntei: Por que?, e ele respondeu: Continua, minha criatura, continua que está chegando. E fui indo, indo, indo... naquela monotonia que se chama continuar indo. Há alguns minutos olhei pra trás e fitei-o, cheia de ódio, então perguntei: PARA ONDE?! Para sempre, foi o que ele respondeu com um sorriso maligno e um olhar oblíquo.

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