9 de julho de 2011

de novo, Ray

Eu me sentia consideravelmente triste naquela manhã de sábado, especialmente porque minhas manhãs de sábado costumavam ser bastante agradáveis e incluiam café na cama, filminho debaixo do cobertor e a todo momento algumas exclamações como 'ah! hoje é sábado!'. Mas isso era naqueles anos bons em que a vida se resumia a estudar, debater, beber cerveja e se relacionar. Depois, houve uma mudança irreversível e eu costumava me dar conta de que os anos bons tinham passado nas manhãs de sábado. Naquela, em especial, viver me parecia vazio. Lembrei de que, certa vez, voltando do hospital onde fora visitar o avô, eu pensara que era o tipo de pessoa que acabaria tomando veneno mais por tédio do que por desespero. E adivinhem quem foi me salvar naquela manhã? 'Hit the road jack and don't come back no more, no more, no more'. Há! Não pude reprimir o sorriso que veio como que após a mordida de uma madeleine.

'Don't come back no more, don't come back no more'. O sorriso se expandiu e eu tive que colocar a música de novo porque começava em mim uma agitação deliciosa, que era qualquer coisa como um borbulhar estranho. Senti algo de mau em mim. Não vou contar a lembrança, que inclui um apartamento, dois amigos e um quarto elemento, o suposto Jack. Sabe, acho que se eu realmente fosse reconstruir a história, acabaria por ocorrer uma catarse que resultaria em... tédio. Não, vou ficar com as bolhas! 'Hit the road Jack annd don't come back no more, no more, no more...'.

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