6 de julho de 2011

os vidrinhos de perfume

Sabe, hoje a tarde resolvi mexer no armário da casa dos meus pais onde guardo meus perfumes antigos, alguns cremes e uns acessórios de cabelo, todos impecavelmente sem mofo pelos cuidados de Z. Estava um frio absurdo, como tem estado esses tempos (estranho, na minha cabeça, o inverno era uma oscilação entre dias muito frios e dias quentes, mas talvez isso se deva ao fato da escola onde passei meu ensino médio se localizar entre rodovias e avenidas altamente movimentadas que exalam gás carbônico e podem facilmente esquentar os dias menos frios do inverno). Tocava Elis Regina, precisamente aquela música, cujo nome não me lembro, mas que sempre me emociona muito na parte em que ela canta: "Mais uma vez, mais de uma vez, quase que fui feliz...". Eu andava muito emotiva e T.W. me dizia que eu devia tentar conciliar o fardo de ser uma mulher com as coisas boas da minha infância, sem essa minha tão característica rigidez afetiva. Então, pensando em lhe contar depois que o havia feito, fui abrindo um por um os vidrinhos de perfume.

Não vou entrar em pormenores, pois não é possível narrar a sensação nostálgica produzida por um cheiro, que é quase como, por um segundo, voltar a ver o mundo como se via antes, ter os pensamentos que se tinha antes e ter a certeza de que no momento seguinte ainda se terá doze anos. Mas é uma sensação absolutamente fulgaz, insustentável. Em dois seguntos, volta aquela visão anacrônica e nostálgica do passado e não se pode fazer muito mais do que ficar lembrando... Mas pensando que cheguei a abrir uns seis frascos de perfume, acho que fiz uma boa quantidade de idas e vindas do espírito nesta manhã...

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