16 de março de 2010

judaísmo

Tenho achado tudo um absurdo enorme, desde a moça sentada no ônibus, que não se oferece para carregar minha mochila pesada, até um aparecimento repentino de um conhecido de outros tempos, até alguém inoportuno tentando puxar assunto, não expresso nada, mas sinto que seria capaz de dar um tiro certeiro, frio e calculista nessas pessoas e isso é preocupante. Daria até um tiro em mim mesma nesses tempos em que resolveu me assolar um sentimento culpabilístico judaico, em que tenho me achado solitária e sem deus, em que pronuncio em voz alta que vou ao cinema a tarde e ninguem se oferece para me acompanhar, ah, se os tempos fossem outros!, penso. Acabo sempre saindo só, também não insisto, gosto de sair só, não depender de ninguém, então chego em casa e janto só porque L.C. tem uma vida social invejável e nunca está em casa, então tomo minha sopa em pó olhando a cidade de São Paulo pela vidraça e quero me jogar dali, mas continuo tomando a sopa, em silêncio, depois vou estudar. Nenhum ataque compulsivo, nenhum grito de pânico, nenhum meio-sorriso de desgosto, silêncio, olhar tranquilo, óculos de grau. Alguns suspiros discretos, não mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário