Descobrir-me em estado apaixonado foi qualquer coisa de muito estranho e inovador, apesar da palavra PAIXÃO não me ser desconhecida de todo. Isso se deu num percurso entre o apartamento de L.C. e o carro, onde eu iria deixar uma mala de viagem. A rua estava movimentada, eram 7 e pouco da noite, fazia um frio, eu estava embrulhada num lenço quente e vermelho e tinha que levar uma mala pesada por um percurso curto. Desativei o alarme. E pronto, foi aí que parei, olhei para o carro e senti qualquer coisa que se manifestou no seguinte pensamento: estou apaixonada.
Foi algo como quando se está fazendo uma prova difícil e longa há mais de 2 horas, aproveitando cada segundo, concentrado, tenso, suando frio e então alguém espirra, no meio do cálculo de multiplicação entre dois números de três algarismos. Você levanta a cabeça, enfim, sentindo até o pescoço estralar, e vê que existe a sua volta mais pessoas fazendo prova, como você. Repara então que está quente, que tem fome, que o fiscal é uma gracinha, e por um breve momento, parece que aquela tal prova é absolutamente irrelevante, sente um subto desejo de largar a caneta e dizer tchau, ir tomar um café, ou curtir um cinema. Mas suspira, olha para o papel e volta do início o cálculo de multiplicação que estava fazendo antes do espirro-despertador.
Aquele BIP do alarme do carro foi qualquer coisa como um espirro, e é claro que eu rapidamente voltei a mim, abri a porta e larguei a mala lá.
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