Aflita, digo para G.H., que está olhando minha caixinha de brincos, tentando desembaraçá-los e obtendo relativo sucesso:
-Eu quero tocar fogo nesse apartamento.
-Isso aqui é uma casa - ele responde, calmo, analisando um brinco de cristal que eu ganhara no dia dos namorados de 2008.
-Mas na música é um apartamento.
-Mas aqui é vida real.
Ele me encara, ainda com o brinco na mão e a caixinha no colo.
-Você fala como se nós dois fôssemos de verdade, G.H.
Cheio de rancor na voz, ele volta a olhar para o brinco e diz:
-Você é, Beatriz.
Irritada, olho para o relógio e depois para a janela fechada.
-Você, G.H., é um personagem efêmero da minha trama.
Nossos olhares rancorosos se cruzam e logo se repelem. G.H. volta a vasculhar a caixinha e eu volto a planejar minha fuga triunfal.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário