Mordo as pontas das unhas.
Como biscoitos de castanhas.
Abro a geladeira, ligo a televisão, apago a luz, desligo a televisão, como mais biscoitos e uma maçã, suspiro, olho de um lado pro outro, ninguém. Não consigo absorver as notícias da internet, as letrinhas balançam, rodopiam, voltam ao lugar e estão completamente isentas de informação.
Respirar se tornou difícil, o ar me falta. Mais biscoitos. Ligo a televisão novamente, mas ela não diz nada, não traz respostas, as notícias nada tem a ver com a minha agonia, que o mundo se acabe, que o Maluf seja ou não preso, que o Brasil apoie ou não o Irã. Desligo de novo.
Lá fora chove. Aqui dentro, eu tento me lembrar como fui parar naquela repartição administrativa enquanto perdia aula de literatura, "querida, você é Beatriz Chnaiderman? Conhece essa pessoa?", sim, eu me lembrava vagamente daquela pessoa. E agora essa pessoa me pesa na consciência, assumi um compromisso, mas mal consigo me lembrar de seu rosto. Ele se lembra do meu. Dizem que me cumprimentou enquanto eu corria alegre na chuva, mas eu não o vi. Depois ele falou a meu respeito, disse que sente minha falta, quer reatar relações comigo, que relações, meu Deus??? Tínhamos uma foto tirada há 3 anos, contra a minha vontade, que ele ainda guarda. Está planejado, pelo bem de todos, vou vê-lo, dizer que estou indo estudar longe, conversar amigavelmente.
Cada ser humano é um mundo, foi o que ouvi depois, conversando com M.M. e L.D. no intervalo antes da prova de matemática.
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