14 de fevereiro de 2010

os suspiros

Hoje fui ao cinema sozinha, assistir um filme oriental do qual ainda não ouvira ninguém falar a respeito, e reparei que a moça ao meu lado não parava de suspirar, de modo até inconveniente. Não era um romance, tampouco havia gente bonita, nem momentos de tensão, nem melodramas... Por que é que a moça suspirava tanto? Eu não prestara muita atenção quando o casal entrara na sala, mas pelo que me lembrava, eram de meia idade, de aparência comum, nada me chamara atenção. Seriam aqueles suspiros de tédio? Ou um afago discreto, desses que desesperam por não ter como expressar, gritar, gemer, atirar-se no colo? Ou ela estava com a cabeça em outro lugar, lembrando de algo triste, penoso? Um remorso? O fato é que a todo instante, os suspiros me desconcentravam do filme e eu passava a ter idéias um tanto romanescas sobre aquela mulher ao meu lado, oculta no escuro da sala de cinema. O filme, depois de duas horas e meia, acabou e as luzes se acenderam sem nenhum suspiro. Observei o casal se levantar. Realmente, deviam ter uns 40 anos cada um, ela usava um vestido estampado e seus cabelos eram castanhos e curtos. Normal. Nada romanesco. Que decepção... Quisera as luzes nunca tivessem sido acesas e essa moça teria para mim uma personalidade, uma fisionomia e uma história muito mais interessantes a cada suspiro!

Um comentário:

  1. E não é que quando vc se tornar de fato uma psicóloga, formada e entendedora da cabeça das pessoas, vou te achar mais et do que acho agora.

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