Meu irmão L. sempre foi de falar alto, fazer gestos expansivos, derrubar coisas, trombar no vão da porta, derrubar vinho na hora de servir, dar gargalhadas constrangedoras, cuspir falando e outras coisas que as pessoas exageradas e distraídas fazem por aí. Mas uma coisa me impressiona há dois anos e meio.
Sempre imaginara que esse tipo de gente era um caso perdido. Pra mim, era óbvio que eles não gostavam de ser assim, mas tinham esse azar, fosse pela genética, fosse pela bagagem inconsciente ou pelas forças do mal que agiam sobre eles. Mas meu irmão L. me mostrou que não: ser estabanado é um estado de espírito absolutamente consciente.
Pois é. L. sabe perfeitamente dizer em delicado e bom tom, quando atende o telefone:
-Oi amor. Você tá bem? (etc etc) Tchau, amor, também te amo, amor, até amanhã, amor, tô com saudade, um beijo, boa noite, amor.
Fala baixinho, é incrível. Minha mãe, em especial, fica abismada. Mal ele desliga o telefone, bate a mão em alguma estatueta e a faz em mil pedaços, dá uma gargalhada barulhenta e sai trombando em tudo o que encontra no caminho.
Mas que controle! Que genialidade!
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