-Vocês evoluíram juntas, se veem uma na outra, perderam a noção e onde começa e termina cada uma, são como que a mesma pessoa.
Olhamo-nos em silêncio. Era uma boa descrição.
-Ano que vem será uma experiência interessante, cada uma vai estudar um curso diferente, terão aulas diferentes, turmas diferentes... estou curioso.
Desesperamo-nos simultaneamente.
-Ai, que horrível!
-Horrível, horrível!!!
-Vamos entrar num acordo, escolher um curso que seja um meio termo!
-Hum... Algo entre psicologia e letras...
-Podemos escrever auto-ajuda!
-Que tal pedagogia?
O rapaz parecia se divertir às custas do nosso desespero.
-Talvez se a separação for mais redical, seja mais fácil.
-Ham?
-Eu vou pra Assis!
-Não!
-Não!
-E agora? Deus!
E todos aguardam, curiosos, o desenrolar da história e a diferenciação de uma pessoa em duas, o que terá de ocorrer invarivavelmente.
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"Ou será que, sendo tão fraco de visão quanto tímido de espírito, ele sentia menos prazer com o reflexo do mundo sensível e brilhante através do prisma de uma linguagem multicolorida e ricamente lendária do que com a contemplação de um mundo interior de emoções individuais perfeitamente espelhadas em uma prosa periódica, lúcida e flexível?"
ResponderExcluirBia, aí vai o texto do Joyce.
Creio que, de certa forma, ele explique uma diferenciação (não digo qual) literária entre nós três. Nós: Eu e você e L.D.
Pensando bem, agora que leio seu relato, acho que L.P. não se divertia com o desespero de vocês. Bem possível a metempsicose (Proust ou quem sabe Joyce: Piglia), a transfiguração, a loucura: o desespero é meu: a mudança: a vida para além da letra.
Talvez o caso de B.S. e L.D., seja o conto perfeito de duplo: o triplo do nada: a busca existencial: a intangibilidade do ler e do viver: Kafka!
(Acho que eu viagei demais)
Enfim, li seu diário quase numa tacada só
( faltaram ainda alguns textos) e adorei, muito mesmo. Você possui um novo leitor. Sinto-me lendo Kafka e Dostoiévski, com um adicional: um pão-de-queijo, um cafézinho, um gato: são o relato da angústia interior. (Um pouquinho de Roberto Arlt)
Talvez o suposto "inconsiente" esteja em quixotismos em cafézinhos paulistanos. Não sei.
É isso. Beijo
L.P.